Divulgamos aqui um poema do enxadrista NELSON VILLABOIM DE OLIVEIRA LIMA.
ODE AO CAPIVARA
Sentado à mesa, em frente às peças e ao reloj,
Cheio de ruídos no raciocínio, eis o Capivara, em todo o seu esplendor.
A perda da calidad persegue-lhe o espírito.
Na abertura multiplicam-se as variantes fantasmagóricas.
Soltar primeiro o cavalo do rei ou o cavalo da dama?
Conservar o par de bispos?
É chegada a hora de rocar?
São dúvidas que o exemplar jamais responderá com acerto.
Pensa que o outro pensa coisas que nunca o outro estará pensando.
Todas as jogadas o surpreendem.
Tem a visão do “laboratório”:somente em análises posteriores.
Dominado pela falta de criatividade, é fecundo na análise do erro.
Atinge o clímax no undécimo lance.
A desoras descobre o óbvio.
Num lampejo de bom senso sucumbe tardiamente.
O Capivara é uma espécie em franca proliferação.
(NELSON VILLABOIM DE OLIVEIRA LIMA, (8.5.1977)